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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Tratamento Farmacológico

Porquê tratar?

  •  O tratamento da epilépsia torna-se fundamental devido ao risco de morte associado, quer pelas crises, quer pelos acidentes por estas causados;
  •  Em cada crise epiléptica existe morte neuronial que é um factor agravante da doença e pode dar origem a defeitos neurológicos. 
  • Melhora a qualidade de vida dos doentes.



 Como tratar?

   Os medicamentos antiepilépticos não curam a epilépsia, mas ajudam a controlar as crises. A redução da irritabilidade dos neurónios que está na origem das crises epilépticas está a cargo destes medicamentos. 
    Para manter a sua efiácia, o medicamento deve manter-se a um nível constante no organismo e, para isso, deve ser tomado regularmente.  
       A partir do momento em que a epilépsia é diagnosticada, o tratamento deve ser iniciado, devendo ter em conta certos factores:

  • Escolha do fármaco
  •  
    • Escolha do fármaco com melhor relação risco/benefício (eficaz) e bem tolerado;
    •  Determinada pelo tipo de crise e não pelo tipo de epilépsia;
    • Deve-se ter em conta o estado de saúde do doente devido ao risco de toxicidade provocado por alguns medicamentos mediante certas patologias.
  •  Escolha da dose do fármaco
    • Deve-se iniciar o tratamento com doses baixas de forma a averiguar se tem o efeito desejável, aumentado a sua dose caso se justifique;
    • Dose e posologia ajustada por doente, posteriormente.
  • Iniciar o tratamento com um fármaco em dose adequada
    • Usar apenas associações destes fármacos quando a monoterapia não resulta no doente.
  • Caso este fármaco não produza o efeito pretendido

    • Aumenta-se a dose do fármaco de forma gradual;
      • Se ainda não se produzir o efeito desejado

    • A dose do primeiro fármaco administrado é diminuída de forma gradual, enquanto aumenta-se progressivamente um segundo fármaco escolhido.

      •  Se ainda não se produzir o efeito desejado

    • Procede-se à associação de medicamentos de forma racional.

      • Se ainda não se produzir o efeito desejado

    Estimulação do nervo vago através da introdução de um dispositivo que produz um impulso eléctrico que evita a actividade eléctrica anormal que uma convulsão desencadeia - CIRURGIA. 




Fármacos utilizados:


 

Indicações terapêuticas dos anti-epilépticos:

    

Hidantoínas  

Fenitoína: Crises parciais, crises tónico-clónicas, nevralgia do trigémio, em arritmias cardíacas, intoxicações por digitálicos e tratamento pós-infarte  miocárdicos.


 Reacções adversas: Estão relacionadas essencialmente com o tubo digestivo, o sistema endócrino e o SNC. Devem salientar-se as seguintes reacções adversas: hirsutismo, hiperplasia gengival, disfunção hepática e síndrome semelhante ao lúpus eritematoso.


Contra-indicações e precauções: Gravidez (a teratogenicidade está demonstrada), disfunção hepática e porfiria.


Interacções: Pode aumentar a absorção e o metabolismo dos anticoagulantes, aumenta o metabolismo dos corticosteróides, dos contraceptivos orais e da nisoldipina. O álcool diminui os efeitos da fenitoína; os outros anticonvulsivantes podem aumentar ou diminuir os seus níveis; a amiodarona, o cloranfenicol, o omeprazol e a ticlopidina aumentam os níveis de fenitoína; os tuberculostáticos reduzem os seus níveis.

     

Barbitúricos

Fenobarbital: Todos os tipos de crises excepto ausências, estado de mal-epiléptico, como ansiolítico e hipnótico (actualmente são indicações com pouca utilidade), medicação pré-anestésica.

 

Reacções adversas: Grande número de manifestações, particularmente relativas ao SNC. Salienta-se o desenvolvimento de tolerância e/ou dependência física ou psicológica. Alterações da capacidade de conduzir máquinas.

 

Contra-indicações e precauções: Porfiria; disfunção hepática; doença respiratória com dispneia ou obstrução evidente.



Interacções:
Pode reduzir a absorção e os efeitos da varfarina; aumenta o metabolismo dos corticosteróides, dos contraceptivos orais, de outros anticonvulsivantes e da digitoxina. O álcool e outros depressores do SNC potenciam os seus efeitos depressores; os antidepressores podem agravar as suas reacções adversas; a griseofulvina diminui a sua absorção.

    

Ácido Valpróico/Valproato de sódio

     Na epilepsia, em monoterapia ou como terapêutica adjuvante no tratamento de crises parciais complexas, ausências ou crises de tipo misto. Tem também acção sobre o humor nas psicoses maníaco-depressivas e pode ser útil na profilaxia da enxaqueca.

 

Reacções adversas: A reacção adversa potencialmente mais grave é a hepatotoxicidade, particularmente nas crianças com menos de 2 anos, nos que tomam mais do que um antiepiléptico, que têm alterações metabólicas congénitas, que apresentam epilepsias graves ou que têm lesões cerebrais orgânicas. A função hepática deve ser avaliada antes do início da medicação e, posteriormente, a intervalos curtos, pelo menos nos primeiros seis meses. Outras reacções adversas estão descritas, de que se salientam as náuseas e vómitos pela sua frequência e a trombocitopenia pela potencial gravidade.



Contra-indicações e precauções: Doença hepática ou disfunção hepática significativa, hipersensibilidade ao ácido valpróico.

 

Interacções: Potencia os efeitos do álcool e de outros depressores do SNC, e de outros anticonvulsivantes e barbitúricos com risco de toxicidade; com o ácido acetilsalicílico, dipiridamol e varfina há risco de hemorragia; com clonazepam podem precipitar-se crises de ausências; os salicilatos e a cimetidina podem aumentar os níveis de ácido valpróico; a colestiramina reduz a sua absorção.

   

Benzodiazepinas

    Actuam selectivamente em vias polissinápticas do SNC. Os mecanismos e os locais de acção precisos não estão ainda totalmente esclarecidos. O receptor das benzodiazepinas, situado na estrutura de um dos receptores do GABA designado por GABA A, está bem caracterizado e sabe-se que as benzodiazepinas modulam a acção do próprio GABA, promovendo a hiperpolarização das células onde actuam, por favorecer a abertura do canal de cloro.
São eficazes como ansiolíticos e hipnóticos. Também indicadas como adjuvante da anestesia, relaxação muscular (diazepam, clorazepato dipotássico e clorodiazepóxido) e anticonvulsivantes (diazepam, clonazepam, clorazepato dipotássico e lorazepam parentérico).
Clinicamente, as benzodiazepinas distinguem-se entre si, essencialmente, pelas suas propriedades farmacocinéticas. Diferenças na selectividade para diferentes subtipos dos receptores GABA A poderão explicar o efeito mais ansiolítico ou hipnótico de algumas benzodiazepinas. Diferenças farmacodinâmicas poderão ser também a base para as distinções na acção antiepiléptica.

 
     É importante notar que todas as benzodiazepinas podem induzir tolerância, dependência física e psíquica. As benzodiazepinas de curta duração de ação são as que têm maior potencial de induzir dependência. Por outro lado, a tolerância para os efeitos hipnóticos das benzodiazepinas desenvolve-se rapidamente, pelo que os tratamentos que têm como objetivo o tratamento da insónia devem ser de curta duração. As benzodiazepinas estão contra-indicadas ou devem ser usadas com precaução em idosos (as doses devem ser em geral menores do que no adulto jovem) e em crianças porque, tal como no idoso, podem desencadear reações paradoxais. Ter atenção ao seu uso em doentes com miastenia gravis ou com insuficiência respiratória grave. As benzodiazepinas estão contra-indicadas na apneia do sono. Habitualmente há necessidade de reduzir a dose das benzodiazepinas quando há IR.
As interações mais frequentemente referidas para as benzodiazepinas são com depressores do SNC e com o álcool, por potenciação de efeitos.
Em casos de intoxicação está indicado o flumazenilo
.

  Estão indicadas para o tratamento do estado de mal-epiléptico, sendo também usadas, isoladamente ou como adjuvantes, nas epilepsias mioclónicas. 

  - Diazepam (Via oral, I.V. e Rectal);

  - Clonazepam (Via oral, I.V. e Rectal);

 - Lorazepam (Via oral, I.V. e Rectal);

 - Clorazepato dipotássico(via oral).


Carbamazepina

     Na epilepsia: crises parciais com sintomatologia complexa ou simples e crises tónico-clónicas secundariamente generalizadas. Como estabilizador do humor nas psicoses maníaco-depressivas. Nevralgia do trigémeo.

 

 Contra-indicações e precauções: Alterações da condução auriculo-ventricular não controladas por pacemaker; história de depressão da medula óssea; porfiria.

 

Interacções: Redução das concentrações séricas dos outros anticonvulsivantes e redução do efeito dos anticoagulantes e dos contraceptivos orais; o verapamilo, a eritromicina e a nefazodona podem aumentar os níveis de carbamazepina.

 

Reacções adversas: Estão relacionadas essencialmente com o tubo digestivo, a pele e o SNC. Salienta-se pela sua gravidade o risco de anemia aplástica e agranulocitose. Devem fazer-se controlos hematológicos antes e durante o tratamento. De salientar que a carbamazepina tem também acção anticolinérgica, podendo desencadear ou agravar situações de glaucoma. A mesma acção anticolinérgica pode desencadear síndromes confusionais em doentes idosos. 

 

Acetato de Eslicarbazepina: Terapêutica adjuvante em doentes adultos com crises epilépticas parciais, com ou sem generalização secundária.

 Reacções adversas: Tonturas e sonolência, erupção cutânea até 1,1% dos expostos, hiponatremia inferior a 1% e prolongamento do intervalo PR.

Contra-indicações e precauções:
Hipersensibilidade à substância activa, bloqueio auriculo-ventricular (AV) de segundo ou terceiro grau.

Interacções:
Contraceptivos orais e varfarina.



Outros

Gabapentina: Está indicado no tratamento da epilepsia em monoterapia e terapêutica de adjunção no tratamento de crises parciais com ou sem generalização secundária nos adultos, inclusive, nos doentes com crises de diagnóstico recente. Também é usada no tratamento da dor neuropática em adultos com idade superior a 18 anos.

 

 Reacções adversas: Sonolência, fadiga, tonturas, ataxia, nistagmo, rinite, diplopia, ambliopia e tremor.


Contra-indicações e precauções: Em doentes com IR.


Interacções: Os antiácidos e a cimetidina interferem com a gabapentina e a gabapentina interfere com os contraceptivos orais.

  

Topiramato: Tratamento adjuvante das crises parciais com ou sem generalização secundária insatisfatoriamente controladas com outros antiepilépticos; crises associadas com a síndrome de Lennox-Gastaut; crises tónico-clónicas generalizadas primárias. Tem acção sobre o humor na psicose maníaco-depressiva.

 

Reacções adversas: Dor abdominal, náusea, anorexia, perda de peso, alterações do gosto, diminuição da capacidade de concentração e memória, confusão, perturbação do discurso, labilidade emocional e perturbações do humor e depressão, alterações do comportamento, ataxia, alterações da marcha, parestesias, tonturas, sonolência, astenia, alterações da visão, diplopia, nistagmo, sintomas psicóticos, agressividade, leucopenia.


Contra-indicações e precauções: Evitar a interrupção brusca do tratamento; assegurar a hidratação, particularmente em doentes com risco de nefrolitíase; durante a gravidez e o aleitamento e em doentes com IR e IH.


Interacções: Aumenta as concentrações de fenitoína e interage com os outros antiepilépticos; aumenta o metabolismo dos anticoncepcionais orais.




 



Obtido de Infarmed: http://www.infarmed.pt/prontuario/index.php



terça-feira, 13 de novembro de 2012

Crises Convulsivas

O que é uma Crise?

    Uma crise é o resultado de uma disfunção temporária na atividade elétrica cerebral em que as mensagens são temporariamente interrompidas ou trocadas. O número de crises pode variar entre menos de uma por ano e várias por dia, podendo surgir a qualquer momento.
    Sendo a  maioria das funções corporais de responsabilidade do nosso cérebro, a forma de apresentação depende em larga medida da área do córtex cerebral afetada e da forma e velocidade com que se propaga.
    Por este motivo, existem diferentes tipos de crise, e cada pessoa vive a sua epilepsia de uma forma diferente.
    As crises podem ser classificadas em dois tipos:
  • Crises Parciais;
  • Crises Generalizadas.






Tipos de crises

  • Crises Parciais: Envolvem uma parte limitada do cérebro e podem ser divididas em Simples e Complexas.

    • Simples- não provocam a perda de contacto com o meio envolvente, ou  seja, a consciência não é afectada. Estas crises tem a duração de 20 a 60 segundos e podem evoluir para complexas, implicando alteração de consciência.
    • Complexas- as pessoas afetadas perdem contato com o meio envolvente, ou seja, há perda de consciência que dura 30 segundos a 2 minutos. Podem permanecer imóveis, com olhar fixo, e incapaz de reagir. Este tipo de crises podem evoluir para tónico-clónica secundária generalizada.
    •  
  • Crises Generalizadas: Envolvem ambos os hemisférios havendo perda de consciência.
    • Tónico-Clónicas- capazes de provocar perda de consciência abrupta. Caracteriza-se por apresentar contrações musculares mantidas (tónicas) dos músculos de todo o corpo com períodos de relaxamento (clónicos). Podendo ter uma duração aproximada de 3 a 5 minutos;
    • Ausências- são de curta duração  e duram  apenas alguns segundos, podendo ocorrer várias vezes ao longo do dia. Estão associadas à fixação do olhar e à cessação das atividades. Quando a consciência é recuperada, o indivíduo reinicia a atividade que estava a realizar;
    • Tónicas;
    • Mioclónicas;
    • Atónicas.


(2010). Obtido em Novembro de 2012, de Liga Portuguesa contra a Epilepsia: http://www.epilepsia.pt


Causas da Epilepsia

Qual é a causa da Epilepsia?


    Na maioria das crises epilépticas não se conhecem as causas.
    A forma de eplilepsia Idiopática ou Primária caracteriza-se por não possuir causa aparente e por apresentar uma tendência de aparecer em indivíduos da mesma família.
    Por outro lado, existe outro tipo de epilepsia, nomeadamente, a secundária, que se caracteriza por qualquer lesão que atinja o cérebro, podendo deixar uma "cicatriz" que é um potencial ponto de partida para crises epilepticas, em geral, não são transmitidas de pais para filhos. As possiveis causas desta forma de epilepsia resulta de uma lesão estrutural ou metabólica, como por exemplo:
  • Tumor;
  • Lesão vascular ou tóxica;
  • Consumo de drogas;
  • Hipóxia;
  • Perturbações hidroeletróliticas;
  • Infeção.
 
 
 
 

(2010). Obtido em Novembro de 2012, de Liga Portuguesa contra a Epilepsia: http://www.epilepsia.pt


O que é a epilepsia?

    A Epilepsia é uma doença que se deve a uma perturbação do funcionamento do cérebro que tem origem numa descarga eléctrica anormal, provocada por um excesso de excitabilidade, de alguma ou quase a totalidade dos neurónios cerebrais. Esta descarga pode ter um inicio súbito e imprevissivel, geralmente, de curta duração podendo ir de segundos a minutos, raramente ultrapassando os 15 minutos. 
    Caracteriza-se por um distúrbio da função cerebral que resulta na ocorrência periódica e imprevisível de convulsões.